A dor é a prisão que te aprisiona, sendo que foi você mesmo que se aprisionou e esqueceu onde colocou a chave para se libertar.
E as pessoas só consegue chegar até as grades, provavelmente por este motivos elas sempre chegam, se demora, mas se vai.
Estar do outro lado da grade é mais fácil para ser livre, e mais difícil de te ajudar a encontrar a chave que você esqueceu em algum lugar dentro de sua prisão.
Afinal de contas, foi você quem as esqueceu e se aprisionou. Que culpa tem o outro de você precisar se alimentar e se sustentar do que o outro trás, já que você não pode sair desde minúsculo quadrado escuro e sombrio que é sua prisão.
Entretanto, você sabe que não é sua culpa ter esquecido onde colocou as chaves, mas é de sua responsabilidade ter entrado na cela e ter permitido de alguma forma ficar lá.
Será que era mais confortável no começo, por se sentir protegida e segura?
Por não falar doía menos, por não agir, doía menos, por não sair do lugar doía menos.
Mas alguém chegou na grade e te lembrou da dor, do porquê dela e que foi você quem se trancou naquela prisão, e que foi você quem guardou a chave, ela só não sabe e nem pode te dizer onde estar porque só você pode lembrar ou descobrir onde as colocou.
No agora você sabe que é seguro sair e ser livre, você consegue ouvir os cantos dos pássaros cantando a liberdade, ouvir os risos das crianças que aparentam estar seguras, sentir o cheiro das flores que te chamam para a primavera, você consegue sentir na pele uma leve brisa que te acalenta nas noites frias de solidão. Mas já se passou tanto tempo ali, que você esqueceu quem é, o que deseja, quais são os seus sonhos, esqueceu do que é o amor e liberdade.
Esqueceu-se da chave que te liberta da dor que te aprisiona e ninguém pode fazer nada além de passar do outro lado da grade e se ir.
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